quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sertanejo universitário atrai público jovem por causa do "ritmo de micareta"

Com elementos da música pop e do axé, gênero caçula do sertanejo rompeu barreiras e preconceitos

Como todos os gêneros da música brasileira, o sertanejo também evoluiu e se adaptou conforme o tempo. A mais recente atualização do estilo atende pelo nome de “sertanejo universitário”, seguindo exemplos de variações “universitárias” do forró e o pagode.

Com uma levada mais acelerada, e misturando elementos do rock, pop e do axé, o sertanejo universitário ganhou esse nome graças ao público que o ajudou a se popularizar. “Se você pegar o sertanejo em geral ele é dividido em quatro fases. Começou com a música caipira, de Tonico e Tinoco, Zico & Zeca, que era uma música mais do campo. Depois transformou-se no sertanejo, que teve como representantes Matogrosso & Mathias, Milionário & José Rico. Aí veio o sertanejo moderno de Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo. E hoje é o sertanejo universitário”, ensina João Bosco, da dupla João Bosco & Vinicius.

Os dois eram universitários no Mato Grosso do Sul quando formaram a dupla, João é formado em odontologia e Vinicius em fisioterapia. E através dos contatos feitos dentro desses cursos, e de cortesias dadas a estudantes de cursos menos rurais, como medicina, começaram a levar um público que não costumava acompanhar as “baladas” de músicas sertaneja.

Esses mesmos universitários também adotaram outro expoente do gênero, César Menotti & Fabiano. Graças aos freqüentadores dos barzinhos de Belo Horizonte, a dupla foi ganhando espaço até ultrapassar a barreira dos universitários. “Quando a gente começou a cantar em Belo Horizonte, nós cantávamos numa casa noturna na zona Sul, e lá os universitários abraçaram o nosso trabalho e foram os maiores divulgadores nossos. E até hoje eles são nossos maiores divulgadores”, conta César.

Para o diretor musical do Villa Country (a principal casa do gênero em São Paulo), Carlos Anhaia, hoje o pessoal está um pouco mais aberto para a música sertaneja, graças à mistura de estilos presentes no sertanejo universitário. “Com a influência de axé, o sertanejo alcançou outra tribo. O pessoal que usa bota [country] gosta do sertanejo universitário, mas vem muita gente que usa tênis, freqüenta micareta...”, explica Carlos.

A balada

Em São Paulo, as duas principais casas de shows voltadas para o sertanejo são a já citada Villa Country e a Estância Alto da Serra. Acompanhamos uma noite de sexta-feira, dia de maior movimento, no Villa Country.

“Villa” é um lugar com capacidade para 4 mil pessoas, todo temático, localizado no bairro da Água Branca. O público que costuma freqüentar o local possui uma faixa etária que vai dos 18 a 30 anos. “A casa sempre teve show de country e sertanejo. Mas com a chegada de César Menotti & Fabiano [que lotou a casa em seu primeiro show no local], o Villa passou a se dedicar ao sertanejo universitário”, conta a assessoria de imprensa da balada.

A casa lembra um parque de diversões com temática country devido ao grande número de ambientes e atrações, que incluem restaurante e loja de roupas do estilo. Ao mesmo tempo em que um telão mostra vídeos e shows de duplas sertanejas na “praça do cavalo”, no “saloon” rola uma banda de country (da própria casa), e, na “praça sertaneja”, duplas caipiras se apresentam, enquanto o público dança animado. Numa sexta, todos os ambientes costumam ficar lotados, e engana-se quem pensa que apenas cowboys vestidos de chapéu, bota e fivela freqüentam o ambiente.

É o caso das amigas Cibele Pereira Batista, Eveline Ribeiro e Karina dos Anjos, das três, apenas Cibele sempre gostou de sertanejo. “Sempre gostei de moda de viola. E agora estas novas duplas vieram acrescentar mais ao gênero. Consegui convencer minhas melhores amigas a vir aqui. E elas só gostam de rock”, diverte-se.

Os advogados Caio Garcia, Tadeu Castro e Jeferson Moreira, todos recém-saídos da universidade, também foram atraídos ao local por causa do sertanejo universitário e pelo público feminino que esse gênero costuma atrair. “Eu gosto do Victor e Leo, mas vim por causa das universitárias”, confessa Jeferson.

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